É dezembro. A cidade está iluminada, as músicas natalinas tocam em todos os lugares, e convites para encontros e confraternizações aparecem de todos os lados. É a época em que dizer “sim” parece ser a regra: sim para os abraços, para os brindes, para os reencontros. Mas, e quando dizer “sim” significa colocar em risco algo essencial, como sua recuperação?
Para quem está na trilha da sobriedade, o fim de ano pode trazer uma sensação ambígua. De um lado, há a alegria da celebração; do outro, o medo de desapontar pessoas queridas ao dizer “não” para situações ou convites que não contribuem para seu bem-estar.
Dizer não pode ser difícil, mas também pode ser libertador. É um ato de amor — consigo mesmo(a) e com quem realmente se importa com você.
O peso da culpa: de onde ela vem?
Afinal, por que é tão difícil recusar um convite ou colocar limites? A culpa geralmente surge porque queremos agradar. Parece mais fácil sacrificar nossos próprios limites do que enfrentar o olhar desapontado de um amigo ou familiar.
Para muitas mulheres, essa dificuldade é ainda mais intensa. A sociedade ensina que é papel das mulheres agradar, cuidar e estar disponível para os outros. O “não”, nesses casos, muitas vezes vem acompanhado de um peso desproporcional de culpa.
Homens, por outro lado, podem enfrentar a pressão de não parecerem “fracos” ou de atenderem expectativas sociais em ambientes de celebração. Essas dinâmicas de gênero influenciam diretamente como vivemos a culpa e como nos relacionamos com o ato de colocar limites.
Na comunidade LGBTQIAP+, colocar limites em festas pode ser um desafio. Um homem trans, por exemplo, pode decidir não participar de uma confraternização familiar para evitar comentários invasivos sobre sua identidade. Essa decisão não é rejeitar os outros, mas sim proteger sua saúde emocional e física.
Dizer não é um ato de respeito e amor
Colocar limites não é rejeição, e sim um reconhecimento do que você precisa para estar bem. Dizer não é preservar o espaço necessário para que você continue na sua trilha de recuperação, forte e focado(a) no que realmente importa.
Cada vez que você escolhe proteger sua sobriedade, está construindo uma base mais sólida para todas as relações importantes da sua vida.
Como lidar com o medo de desagradar?
Seja claro(a) consigo mesmo(a):
Reflita sobre o que você precisa nesse momento. Entender e aceitar seus limites é o primeiro passo para comunicá-los com confiança.
Comunique-se com carinho:
Um “não” dito com empatia é muito mais poderoso do que um “sim” dado com desconforto. Diga algo como: “Eu não consigo participar dessa vez, mas espero que seja uma ótima celebração!”
Lembre-se do porquê:
Quando a culpa surgir, traga à mente suas razões para escolher a sobriedade. Cada escolha alinhada ao seu propósito fortalece sua trilha e sua confiança.
Busque alternativas:
Sugerir outro momento para estar com a pessoa pode aliviar a sensação de culpa. Um almoço, um café ou uma caminhada juntos mostram que você valoriza a relação, mesmo sem estar presente na festa.
Tenha ajuda sempre em mãos:
Com o app do Padrinho, você nunca estará sozinho(a) na sua trilha de sobriedade. Nele, você encontra madrinhas e padrinhos experientes para conversar, acompanha seu progresso em uma trilha personalizada e celebra cada pequena conquista. O apoio certo, no momento certo, pode fazer toda a diferença.
Escolher a si é um presente para você e para quem ama
A magia das festas de fim de ano está nas conexões que criamos, e não nos excessos ou nas pressões. Escolher a si neste período é um ato de coragem e um presente para você e para quem realmente se importa com o seu bem-estar.
Se você, ou alguém que você conhece, está lutando contra a dependência de álcool, saiba que a recuperação é possível! O Padrinho está aqui para te orientar e ajudar.
Este texto faz parte da campanha "Fim de ano sóbrio", uma iniciativa do Padrinho para apoiar pessoas em recuperação durante as festividades. Acompanhe os conteúdos no blog, escute nossos podcasts e baixe o aplicativo oficial do Padrinho. Estamos com você em todos os momentos e em qualquer lugar.