Ah, a lua de mel! Aquele momento mágico em que você deveria estar curtindo o amor, a tranquilidade e, no meu caso, muita bebida.

Em fevereiro de 2011, eu minha companheira havíamos acabado de casar. Estávamos cheios de planos e, claro, brindes! Nossa festa de casamento não foi exatamente com final clássico de filme, em que os noivos saem antes de finalizar a cerimônia para curtir a noite de nupcias. Na verdade, o nosso “felizes para sempre” começou no restaurante onde fizemos o jantar com os convidados. 

Eu e minha esposa fomos os últimos a deixar o lugar. Todos os convidados, familiares e clientes foram embora antes de nós. Fechamos o restaurante, literalmente, com os funcionários. Enquanto o garçom apagava as luzes atrás da gente, tentávamos decidir se iríamos para uma padaria beber mais, já que tudo que tínhamos bebido parecia pouco.

Imagine a cena: eu de terno, minha esposa vestida de noiva -com véu e tudo- em uma padaria às 4 da manhã. Por fim, ela me convenceu que não era uma boa ideia e fomos para casa (ufa!).

No dia seguinte, com a já familiar ressaca, partimos para nossa viagem de lua de mel no Nordeste. Ainda nos recuperando da noite anterior, chegamos no hotel tarde demais para aproveitar o dia. Na manhã seguinte, resolvemos fazer um passeio para a praia. Relaxamos do nosso jeito: bebendo muito, mas muito mesmo. 

O terceiro dia de viagem chegou e eu nem lembrava de ter voltado para o hotel, tomado banho ou qualquer outra coisa. No café da manhã estranhamos quando todos nos cumprimentavam com uma simpatia exagerada. Eles diziam “oi, como vocês estão?” com um tom estranho por trás.

Eu e minha mulher nos entreolhamos e começamos a suspeitar que algo havia acontecido. Até que um casal mais velho perguntou: “vocês estão bem? Ontem vocês estavam muito animados!”. E foi aí que o estalo veio. A gente simplesmente não lembrava de nada do dia anterior. Nada. E, pelo jeito, tinha sido uma baita animação.

Sabe aquele momento de constrangimento quando você percebe que todo mundo se lembra de algo que você não faz a menor ideia? Pois é. Eu lembrava vagamente do motorista do passeio e de alguns pontos turísticos, mas não de interagir com outros hóspedes.

É como se o primeiro dia de passeios da minha lua de mel fosse um buraco negro. O mais curioso é que ninguém parecia nos julgar, todo mundo achava que éramos um casal bacana e animado demais. Por dentro, a vergonha e o constrangimento tomavam conta.

Às vezes, o álcool cria situações engraçadas... até elas não serem mais tão engraçadas assim. A lua de mel é um momento que eu deveria lembrar com detalhes, risos e memórias felizes. O que restou foram fragmentos e flashes devido à bebedeira. Hoje sei que o excesso de álcool daqueles dias poderia ter resultado em uma tragédia.

Depois desse episódio, lá em 2011, percebi que, mesmo quando tudo parece “legal” por fora, o que o álcool faz com a gente por dentro não é tão divertido assim. Naquele momento, estava começando a dar conta do quanto o álcool estava controlando meus momentos e apagando minhas memórias mais importantes.

O próximo passo, foi buscar ajuda!

Se você já passou por situações assim, ou conhece alguém que tenha vivenciado, vale a pena pensar: até que ponto o álcool está ajudando a viver o hoje ou só fazendo esquecer o que é importante?